As infinitas facetas da quarta arte: Francis Campelo

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É muito comum que profissionais do meio artístico se aventurem, ao longo de suas trajetórias, em outras atividades paralelas às que escolhem como principal. Músicos experimentam a produção cultural; comunicadores experimentam os palcos e por aí vai. O ecossistema interage e troca experiências entre si, de uma forma em que todos, de alguma forma, fazem parte de tudo.

Francis Campelo é uma dessas pessoas. Essencialmente músico desde os primórdios de sua infância, se formou em Audiovisual, e é um movimentador cultural transversal. De mágico a DJ, respira arte em todos os momentos e nos concedeu uma entrevista.  

ENTREVISTA

Como você identifica seu primeiro contato com o meio cultural?

Vou ter que voltar no milênio passado. Em 1996, aos 14 anos em Sete Lagoas (MG). Minha família sempre foi bem musical. Me lembro exatamente de um dia com meus primos na piscina. Um deles tinha uma guitarra e um violão e propôs que a gente montasse uma banda. Dito e feito: criamos nossa primeira banda, que se chamava Primórdios (por sermos primos e fãs do Titãs). Não tínhamos microfone e usávamos um alto falante com as frequências invertidas.

Eu fiquei como tecladista e pedi um para minha mãe no meu aniversário de 15 anos. Daí começamos a tocar, justamente numa época que tinha uma efervescência musical em Sete Lagoas muito grande (é uma cidade que sempre teve muitas escolas de música). Tocamos no Café Tropical, Estação Brasil, etc.

E foi esse meu primeiro contato, na adolescência com uma banda de rock que misturava cover e autoral. Minha relação mais direta com a música foi até 2002. Em 2000 entrei na faculdade de Comunicação na PUC Minas São Gabriel, e no laboratório de vídeo, atuei como um monitor de um projeto. Daí em diante, o audiovisual tomou minha atenção da música. Foi um bom tempo sem produzir. Enquanto isso, participei e fui finalista de festivais de vídeo como o Festival do Minuto, Arte Move, entre outros.

De onde surgiu a ideia de montar um bloco de carnaval na sua cidade? Você acredita que essa iniciativa teve grande impacto na vida das pessoas? 

O Bloco do Bloco surgiu em 2013 e foi totalmente influenciado pelo novo carnaval de BH. Ele veio a partir da amizade com as mesmas pessoas da banda (supracitada): sempre fomos muito amigos e gostamos de carnaval. Íamos muito para Tiradentes, mas em 2012 resolvemos ficar na cidade, antes do boom que a cidade teve na folia.

Tivemos a ideia inicial e pensamos em aplicá-la em Sete Lagoas. Levamos para lá e o impacto foi sensacional! Escolhemos desfilar em lugares não muito visitados, deixamos a bateria aberta para pessoas que não necessariamente sabiam tocar instrumentos, justamente para criar essa experiência de fazer música em grupo. Foi nessa época que quebrei o hiato na música de mais de dez anos.

 

Qual a sua relação com a música e de onde vem suas referências?

 

Minha relação com música é bem de "novo". Meus pais têm uma coleção de discos muito grande, principalmente música brasileira, e minha primeira influência foi essa. A segunda foi com meus primos que sempre curtiram Rock, isso nos anos 80.

Em relação a referências musicais, isso variou bastante durante a vida. Na adolescência, rock e música brasileira (que hoje é minha principal referência). Por meio do Maracatu, me envolvi com outras culturas populares e me reconheci negro.

Quais os maiores desafios de manter um espaço cultural no interior (Quilombo Espaço Cultural)?

É difícil. Como se pode imaginar, ele não rendeu dinheiro e precisava se manter de outras formas. Acabou que lá voltou a ser um espaço mais de ensino de música, de arte (que era a parte que meu irmão e parceiro cuidava mais) por ser complicado conciliar um espaço de conhecimento e de apresentações e eventos.

Pra terminar, qual é a melhor música da sua playlist pra acompanhar uma boa cachaça? Por quê?

 Eu vou indicar a música Bottled Hapiness do Zeca Polina que é um cara muito talentoso de BH. É boa e divertida, um semi blues rural. Essa é minha sugestão, até para as pessoas conhecerem as outras coisas que o Tiago (nome verdadeiro do artista) faz.


Playlist desenvolvida pela músico, DJ, videomaker e mágico Francis Campelo. Fotos: Alcione e Gaby Amarantos.

Quer conhecer um pouco mais desse contexto? Se liga nessa playlist preparada pelo Francis.


SAIBA MAIS:

Instagram: @francis_campelo

Facebook: franciscampelo

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