"Onde está a música mineira em relação ao mundo?" : Wemerson Rodrigues, o Geléia

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Cercados pelas montanhas, nós, mineiros, talvez não tenhamos dimensão do quanto nossa cultura influencia e movimenta ideias e pessoas fora daqui. E também não podemos nos esquecer e deixar que a história se perca, a ponto de não reconhecermos o quanto também fomos (e somos) persuadidos por outras culturas. Pensando nisso, e motivado pela preservação da identidade cultural de Minas Gerais, especificamente a música afro-mineira, Wemerson Rodrigues Souza, mais conhecido como Geléia, mantém pesquisas e iniciativas importantes nesse sentido. Ele é um dos nomes mais expoentes da cena em que se propõe atuar e tem mais de 30 anos de carreira.


Criador do Grupo Valentinas e do Bloco Valentinas, Geléia é um grande estudioso dos ritmos que nos rodeiam. Segundo ele, quase todos os estilos musicais brasileiros bebem de fonte africana, como o samba e o maracatu. "Eles são tombados como patrimônio imaterial e chegaram ao Brasil na mesma época que o Congado Mineiro surgiu. Hoje em dia, ele (o congado) não tem toda essa representatividade na mídia", critica o artista, que também promove aulas de percussão e bateria.

Mais especificamente sobre o Valentinas (grupo e bloco), ambos os projetos surgiram para dar mais voz ao tambor mineiro, grande preocupação de Geléia. A iniciativa nasceu e se tornou importante, também, por colocar mulheres no protagonismo dessa cena. "Até algumas décadas atrás a mulher era proibida de tocar atabaque e tambor, e participava das manifestações dançando, fazendo comida ou tecendo", comenta o artista.

Geléia acredita que a experiência e a troca humanizada movem a cultura popular mineira, uma vez que, para ele, o conhecimento acadêmico é mais valorizado que o conhecimento empírico. "É por meio dele e da tradição oral que conseguimos manter essa cultura. Não é na internet e nem academia", aponta. Contudo, ciente de que a música não era só talento, mas principalmente dedicação e disciplina, Geléia participou de workshops, oficinas, assistiu inúmeras videoaulas, play alongs e buscou dominar métodos desenvolvidos por diferentes profissionais como Gene Krupa, Nenê, Robertinho Silva, Zequinha Galvão, Renato Massa e André Queirós (Limão). À frente da bateria, mas sempre flertando e experimentando outros instrumentos de percussão, Geléia dedicou parte do seu tempo ao estudo de algumas peças como congas, pandeiro, alfaia, cajon, timbal, zabumba e instrumentos do Congado, fazendo jus à sua ancestralidade afro-mineira, que sempre o acompanhou.

Uma vez inserido nesse universo, mergulhou nos trabalhos de grandes mestres como Naná Vasconcelos, Dinho Gonçalves, Tito Puente, Mamady Keita, Maurício Tizumba, Mingo Jacob, Benjamin Abras, Mestre Môa do Catendê, Mestre Barrabás, Nego Timba, Sérgio Pererê, dentre outros.

Quer conhecer um pouco mais desse contexto? Se liga nessa playlist preparada pelo Geleia.


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